Aprender a dirigir um Ford Modelo T foi desafiador, mas gratificante

Sentamo-nos ao volante de um Modelo T de 1915 para aprender os controles assustadores do carro que colocou a América sobre rodas.

Imagine descer de um avião em um país estrangeiro. Saindo das portas de correr automáticas, muita coisa parece igual, mas há sempre algo lembrando que você não está em casa. Ônibus e táxis lotam para receber os recém-chegados, mas as placas estão em um idioma que você não consegue ler e você paga a passagem usando uma nota decorada com uma figura histórica que nunca apareceu em seus livros escolares. Talvez você pare em um McDonald's, esperando sentir o gostinho de casa, apenas para encontrar pratos como a torta de taro que substitui a torta de maçã no cardápio do Mickey D's na China.

Dirigir um Ford Modelo T 1915 provoca sentimentos igualmente conflitantes de familiaridade e estranheza. O Modelo T é um carro, com rodas e pneus, pedais e alavancas e volante circular. Mas não é um carro como o conhecemos hoje. Três pedais se projetam do chão, mas nenhum deles controla o acelerador, e aquele que você esperaria que fosse o pedal do acelerador, em vez disso, para o carro. Cintos de segurança e airbags são inexistentes, é claro, mas até as janelas eram um luxo que muitos Modelo T dispensavam. E, ao contrário das máquinas controladas por computador de hoje, no Modelo T, o motorista tinha que ajustar a mistura de combustível e o tempo de ignição por conta própria, exigindo um relacionamento próximo e atento com a fera veicular.

Apesar de ter saído de produção há quase um século, o Modelo T ainda está entre os dez carros mais vendidos de todos os tempos. Ao longo de um período de 19 anos, a Ford construiu mais de 15 milhões de Modelo T graças à transição pioneira da Ford da construção manual tradicional para a linha de montagem. Isso fez do Modelo T um dos primeiros carros produzidos em massa do mundo e certamente o mais bem-sucedido de sua época, e com um número tão grande de unidades construídas, permanece um entusiasmo saudável em manter os Tin Lizzies na estrada. Então, quando nos foi oferecida a oportunidade de dirigir um Modelo T, aproveitamos a oportunidade para aprender como operar o carro que colocou a América sobre rodas e cativou milhões de pessoas durante décadas.

Suba no banco do motorista do Modelo T - que na verdade é mais como um sofá preso em uma banheira de metal - e você será recebido por uma variedade estonteante de controles. Em primeiro lugar, nenhum dos três pedais atua como acelerador. Em vez disso, as entradas do acelerador são controladas por uma haste montada atrás do volante à direita, onde você pode encontrar o ativador do limpador de pára-brisa em um carro moderno.

A haste do lado esquerdo do volante é o avanço da faísca, que controla o tempo da faísca. Ao dar partida no Modelo T, a alavanca deve estar na posição mais alta para retardar totalmente a sincronização e, quando o motor estiver funcionando, a sincronização será avançada para suavizar a marcha lenta.

Os freios, por sua vez, são modulados pelo pedal do lado direito. Embora seja facilmente rotulado com B, reprogramar nosso cérebro para lembrar que o pedal direito desacelera o Modelo T em vez de impulsioná-lo para frente foi uma das questões mais desafiadoras de dominar. Ao contrário dos carros de hoje, o freio do Modelo T retarda a transmissão, embora este exemplar tivesse freios a disco auxiliares instalados na parte traseira, uma atualização comum, uma vez que o sistema de freio original era particularmente fraco.

O pedal mais à esquerda é geralmente descrito como embreagem, mas não funciona como a embreagem dos carros modernos com transmissão manual. Em vez de uma amplitude de movimento que permite uma modulação precisa, a embreagem do Modelo T tem três posições distintas e atua mais como um seletor de marcha. A posição intermediária, meio para baixo, coloca o Modelo T em ponto morto, enquanto pressionar o pedal até o chão coloca o carro em "marcha baixa". Para se mover e engatar a primeira marcha, é necessário pressionar lentamente a embreagem enquanto acelera - usando a haste montada no volante, lembre-se - e solte o freio. Uma vez em andamento, soltar o pedal totalmente coloca o Modelo T na marcha mais alta necessária para velocidades normais de cruzeiro. Por fim, o pedal do meio é usado para acionar a marcha à ré e pode, em caso de emergência, ajudar os freios a desacelerar o carro.